Na coluna desta semana vamos entender por que ter a cabeça-dura às vezes  pode salvar as nossas vidas. Séculos atrás se imaginava que era no  coração que estavam centralizadas as emoções e a inteligência. Mais  tarde descobriu-se que é dentro da cabeça que está tudo isso e é de lá  que todo o corpo humano é controlado para fazer o que a mente necessita.  Quando as motocicletas surgiram os capacetes usados nada tinham a ver  com os que usamos hoje. Eram gorros de couro e óculos usados por pilotos  de caça das duas Guerras Mundiais.
                                                       Capacete do Massa que salvou sua vida
                                                           Corte transversal de um capacete
 Logo depois ficou claro que para andar seguro numa motocicleta teríamos  que proteger a cabeça, pois segundo estudos é a parte que, sempre que  toca o chão, gera sequelas que podem ser irreversíveis ou chegar ao  óbito. O maior índice de pancadas ocorre na cabeça, ficando o queixo  direito com 18% e o esquerdo com 15%. O lugar menos atingido é o topo da  cabeça. Portanto, eu não recomendo capacetes abertos. Acidentes de moto  podem gerar forças de até 100Gs. É o mesmo que sofre um carro de  corrida ao bater numa parede a 300 km/h. A cabeça humana só suporta  impactos de até 300 Gs.

No Brasil o uso do capacete é obrigatório e o disposto no inciso I dos  artigos 54 e 55 e os incisos I e II do artigo 244 do Código de Transito  Brasileiro, disposto na Resolução 203 de 29 de Setembro de 2006  determina que é obrigatório, para circular nas vias publicas, o uso de  capacete pelo condutor e passageiro de motocicleta, motoneta,  ciclomotor, triciclo motorizado e quadriciclo motorizado. Tem de estar  devidamente afixado à cabeça pelo conjunto formado pela cinta jugular e  engate, por debaixo do maxilar inferior e estar certificado por  organismo acreditado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização  e Qualidade Industrial - INMETRO, de acordo com o regulamento de  avaliação de conformidade, por ele aprovado. Para fiscalização do  cumprimento desta Resolução, as autoridades de trânsito ou seus agentes  devem observar a aposição, nas partes traseiras e laterais do capacete  de dispositivo refletivo de segurança (fita reflexiva) e do selo de  identificação de certificação regulamentado pelo INMETRO, ou a  existência de etiqueta interna, comprovando a certificação do produto  nos termos do § 2º do artigo 1º e do Anexo da Resolução. O condutor e o  passageiro de motocicleta, motoneta, ciclomotor, triciclo motorizado e  quadriciclo motorizado, para circular na via pública, deverão utilizar  capacete com viseira, ou na ausência desta, óculos de proteção.  Entende-se por óculos de proteção, aqueles que permitem ao usuário a  utilização simultânea de óculos corretivos ou de sol. É proibido o uso  de óculos de sol, óculos corretivos ou de segurança do trabalho (EPI),  em substituição aos óculos de proteção de que trata esta Resolução.  Quando o veículo (moto, triciclo ou quadriciclo) estiver em circulação, a  viseira ou óculos de proteção deverão estar posicionados de forma a dar  proteção total aos olhos. À noite é obrigatório o uso de viseira no  padrão cristal (supertransparente). É proibido colocar película na  viseira do capacete e nos óculos de proteção. Se você está fora da  Resolução, é multa na certa!

Os importados
Outro  ponto que gera grande polêmica trata-se dos capacetes importados.  Marcas como Shoei, Nolan, AGV, Arai, Bell,BMW, Caberg, Marushin, Nitro,  Shark, Suomy mesmo certificados pelo rigoroso sistema de classificação  SHARP, que é um programa do Departamento de Segurança dos Transportes do  Governo Bitânico (
http://sharp.direct.gov.uk/),  ainda assim não serão aceitos no Brasil por não terem a certificação e  nem o selo do Inmetro. Apesar de todos os capacetes avaliados pelo  programa SHARP estarem de acordo com as normas mínimas de segurança  jurídica daquele país de nada valem no Brasil. O programa de ensaios do  SHARP utiliza uma ampla gama de testes para fornecer aos pilotos uma  enorme gama de informações sobre o quanto um capacete pode oferecer de  proteção quando de um acidente. O programa inclui orientações  importantes sobre como escolher um bom capacete apropriado (Veja como  encaixar seu capacete - 
http://sharp.direct.gov.uk/content/how-fit-your-helmet),  mais seguro e melhor adequado ao motociclista. Os testes realizados  pelo SHARP (veja neste link uma animação mostrando os testes que são  executados 
http://sharp.direct.gov.uk/content/animation)  -  atribuem de uma e cinco estrelas. Pelo resultado dos testes, o  desempenho da segurança dos capacetes pode variar em até 70% e isso  também está relacionado ao preço final do capacete. Em virtude de  existirem cerca de 27 marcas no mercado britânico o programa SHARP ajuda  o motociclista a escolher o que melhor se adéqua a sua realidade  financeira de custo/benefício.

                       
Em busca de um padrão internacional?
Uma sugestão para a solução do problema com os capacetes importados  seria firmar convênios e acordos internacionais onde todos os  fabricantes adotem um mesmo padrão de ensaios, testes e certificação.  Por exemplo: grande parte dos motociclistas que praticam o mototurismo  na América Latina teriam problemas no Brasil com seus capacetes, pois,  sem o selo do Inmetro será multa na certa. Para andar de acordo com as  Normas Brasileiras de Trânsito teriam que comprar um capacete para uso  no Brasil. Imaginemos que a Europa, os EUA e a América Latina adotem  padrões e certificações distintas e obrigatórias para capacetes. Um  motociclista em viagem (seja na sua moto ou em moto alugada) teria quer  ter vários conjuntos de capacetes para poder rodar de acordo com o que a  lei exige. Isso seria algo absurdo! Digamos que você vai aos EUA e lá  irá passear numa moto alugada e deseja levar seu capacete. Vamos supor  que seu capacete, usado no Brasil, certificado pelo Inmetro, não seja  aceito lá. Você terá que comprar outro e este novo capacete não poderá  ser usado aqui também. Daí, a confusão. Normas são importantes, mas elas  precisam considerar vários casos, pois as pessoas, pelo menos a maioria  delas, deseja andar de acordo com o que rege a lei de trânsito. Não  existe nada mais desagradável que receber multas e pontos na carteira.  Pior ainda é receber a multa por estar usando um capacete de qualidade  reconhecidamente internacional simplesmente por não possuir um selo de  certificação. È quando estar certo é o mesmo que estar também errado.

                                         Nolan articulado fechado e aberto   
                                                                                 Bieffe
                                                                                ff Road
Como eu escolho meus capacetes?
Não uso capacetes abertos. O máximo que ainda permito é o modular ou  articulado. Estes tipos de capacetes foram os escolhidos pela grande  maioria dos batalhões brasileiros de motociclistas policiais por  permitir proteção adequada e a flexibilidade de poder, em uma abordagem,  melhorar o campo de visão, a ventilação e ainda facilitar tanto o uso,  como vesti-lo rapidamente. Porém, este capacete não serve para todas as  ocasiões. Na minha vida numa moto eu uso hoje três tipos de capacetes. O  articulado é um Nolan usado para viagem. Ele possui um excelente  conforto; ótima aerodinâmica (há um estabilizador no topo que serve  também como entrada de ar, o que reduz bastante os efeitos da  turbulência provocados pelos caminhões, quando estamos atrás deles); bom  isolamento acústico; viseiras mais grossas com travas de segurança;  óculos escuros retráteis como sobreviseira contra o excesso de  luminosidade e, a mesma flexibilidade que permite, por exemplo, tomar  água sem ter que tirar o capacete.

 
O segundo capacete é um Bieffe fechado que é usado, principalmente na  cidade ou em trechos curtos. O terceiro capacete é um IMS para off Road  com óculos de proteção da mesma marca. Este capacete é utilizado apenas  em percursos off Road e com a moto de trilha.    Há ainda um quarto capacete que é utilizado pela garupa. É um LS2 que  tem um desenho que lembra um Shoei. Este tipo de capacete eu chamo de  misto. O desenho dele permite seu uso em várias condições, menos em  trilhas. O desenho e a forração interna proporcionam boa ventilação e  ótima aerodinâmica para a garupa.  Ele é leve e tem boa fixação, além de  ótima forração.
Quando for escolher seu capacete tome alguns cuidados

Vista-o e peça para que outra pessoa faça dois testes simples. Antes o  vista e o amarre corretamente. Vire a cabeça para os lados, para cima e  para baixo. Feito isso peça para que alguém empurre a queixeira em  direção ao seu rosto com a ponta dos dedos em um movimento rápido e com  força mediana. Se a queixeira tocar a ponta do seu queixo escolha outro,  provavelmente este capacete, em um tombo, pode vir a machucar seu  maxilar. O segundo teste, também com a ajuda de outra pessoa, é para ter  a certeza de que o capacete escolhido não sairá da sua cabeça no caso  de um tombo. Pode parecer absurdo, mas um estudo detalhado dos acidentes  de motocicleta em toda a Europa mostrou que 12% dos capacetes foram  sacados da cabeça durante o curso de impacto. Para saber se ele não  sairá da sua cabeça na hora mais importante peça para alguém tentar  tirá-lo forçando da parte inferior traseira pra cima. Peça para a pessoa  encaixar a ponta dos dedos na parte inferior traseira e tentar com  certa força tirá-lo da cabeça. Se ele sacar ou sair parcialmente escolha  outro modelo. O correto será sempre subir um pouco e retornar a posição  original. Usando um capacete que caiba corretamente na sua cabeça você  aumentará drasticamente as chances de sobreviver a um acidente.   Confira abaixo os modelos de capacetes certificados Inmetro, descritos abaixo nos desenhos legendados de 01 a 07:

|                                                             |  
 | 
| Capacete integral (fechado) com viseira |             |  
 |  
  |  
 |  
 |  
 |  
 |  
 |  
 |  
 |  
 |  
 |  
 |  
 | 
                                         Capacete integral sem viseira e com pala
                                                (uso obrigatório de óculos)
                                           capacete integral com viseira e pala
                                                       C        capacete modular
                                                  Capacete misto com queixeira removível
                                              com pala e sem viseira
                                  Capacete aberto (jet) sem viseira (com ou sem pala;
                                           uso obrigatório de óculos)
                              Capacete aberto (jet) com viseira (com ou sem pala)
                     Tipos de capacetes não permitidos
               Acessórios Permitidos e Sistemas de engates certificados
                  E quanto às viseiras? Posso usar qualquer tipo?

Não. A definição de viseiras pelo Inmetro é clara. São óculos que  permitem aos usuários a utilização simultânea de óculos corretivos ou de  sol, cujo uso é obrigatório para os capacetes que não possuem viseiras.  É importante relembrar que é proibida a utilização de óculos de sol, ou  de segurança do trabalho (EPI) de forma singular, nas vias públicas em  substituição aos óculos de proteção motociclística. A viseira é  destinada à proteção dos olhos e das mucosas, e construída em plásticos  de engenharia, com ótima transparência, fabricadas nos padrões cristal,  fumê light, fumê e metalizadas. Para o uso noturno, somente a viseira  cristal é permitida, as demais são para o uso exclusivamente diurno, com  a aplicação desta orientação na superfície da viseira, em alto ou baixo  relevo, no idioma português (USO EXCLUSIVO DIURNO) e também, se o  fabricante desejar, no idioma inglês (DAY TIME USE ONLY). Quando o  motociclista estiver transitando nas vias públicas, o capacete deverá  estar com a viseira totalmente abaixada, e no caso dos capacetes  modulares, além da viseira, a queixeira deverá estar totalmente abaixada  e travada. 
Eu posso lavar meu capacete?

 Claro! Lavar o capacete, além de fazer parte da higiene pessoal do  piloto e garupa servirá para aumentar a durabilidade deste tipo de  equipamento que é projetado para durar até cinco anos (em caso de uso  eventual) e três anos em caso de uso ostensivo (diário por pelo menos 4  horas). No verão, a recomendação é lavar o capacete a cada 30 dias. No  inverno, a cada dois meses. Se pegou chuva aproveite e lave-o também  senão vai ficar com cheiro de 'cachorro molhado'. Se você sempre está  usando sua moto, como é o meu caso, o melhor a fazer é lavar um enquanto  está usando outro. Se possível, depois de uma longa viagem a lavagem do  capacete é extremamente necessária. No caso dos capacetes de trilha,  sempre que terminar o passeio coloque-o em um balde para lavar. Existem  duas formas de lavar o capacete. Lavar ele todo montado ou desmontá-lo  para lavar e montá-lo novamente. Caso a sujeira seja muita ou já faz  muitos meses desde que foi lavado pela última vez a recomendação é  desmontá-lo. Se não sabe como fazer ou não tem muito saco para isso, a  melhor alternativa é lavar sem desmontá-lo. Para lavar seu capacete sem  desmontá-lo terá que usar três baldes altos e grandes o suficiente para  que o capacete fique de molho. Mas vamos por partes como diria Jack, O  Estripador. 
1. No primeiro balde coloque água suficiente para poder  cobrir o capacete colocado com a parte de traz no fundo do balde e a  queixeira para cima. Coloque sabão multiação (o melhor mesmo é o OMO com  tira manchas). Em seguida uma medida de tira-manchas da marca OXY2 ou  Vanish. Misture tudo e mergulhe o capacete. A lavagem deve ser feita  sempre à sombra e NUNCA use alvejantes (água sanitária, ou qualquer  produto que tenha isso na composição). Mergulhe o capacete com a  queixeira virada para cima e deixe-o de molho por pelo menos uma hora,  dependendo do quanto ele está sujo. Depois desse tempo retire-o e lave  em água corrente esfregando as partes ainda sujas com uma escova de  pontas finas. Se necessário repita o procedimento. 
2. No segundo balde coloque apenas o amaciante e a água. Mergulhe o capacete e deixe-o lá por não mais que vinte minutos.  
3. No terceiro balde deve ter apenas água limpa. Tire-o  do balde com amaciante e mergulhe-o no terceiro balde por 10 minutos,  nem mais e nem menos.   Para secar coloque-o pendurado em um armador ou gancho, sempre à sombra,  com a queixeira apontada para o chão e com a viseira aberta. Deixe  assim até secar completamente. Depois de seco confira o cheirinho  gostoso de limpeza e como estará mais macio. Mas ainda será necessário  polir o capacete. Passe cera de boa qualidade, de preferência que  contenha cera de carnaúba na composição. Deixe secar à sombra e sem  seguida retire o excesso com um pano limpo. A viseira e os óculos podem  receber uma camada de cera, mas ao limpá-la deve ter o cuidado de  utilizar um papel macio. Dá um pouco de trabalho, mas em caso de chuva  você vai perceber a diferença que faz. Importante lembrar que a limpeza  deve ser feita por dentro também. Na parte interna use uma um terço da  quantidade de cera usada na parte externa da viseira e limpe também com  papel. Esta limpeza, se você não tomar chuva, suar ou sujar o capacete  de forma pesada dura uns dois meses. Se durante uma viagem os mosquitos surraram a sua viseira  nunca lave com água e nem passe papel. Estes mosquitos possuem um ácido  e uma cera ou pólen que quando esfregados viram uma gosma a qual vai  piorar ainda mais a situação. Lave com sabão neutro e em água corrente.  Seque com um papel macio até que toda a gosma saia da viseira. Depois  passe cera e retire o excesso com papel macio. Tratando bem do seu  capacete vai proteger seu investimento e fazê-lo durar muito mais. A sua  cabeça agradece.
Outra dica importante é utilizar uma balaclava
Ela não serve apenas para ser usada no frio. A balaclava é boa também  para reter parte da sujeira, do suor e do pó de asfalto que entra no seu  capacete, além de não destruir o seu cabelo. Existem capacetes que, por  dentro, estão cheios de fios de cabelo presos ao forro. A balaclava  ajuda a evitar isso também.   
Essa dica é ainda mais importante para as mulheres que têm cabelo grande ou comprido.  Para que os cabelos não fiquem embaralhados por conta do vento e do  forro, a balaclava funciona como uma touca de proteção do penteado.  Basta enrolar o cabelo e vestir a balaclava e o capacete. Ao tirá-lo, é  soltar o cabelo e ele estará lá, perfeito! Para lavar a balaclava é  necessário avaliar as seguintes situações: Balaclavas usadas em viagem  devem ser lavadas diariamente, por isso leve sempre duas. À noite, no  hotel, lave uma e deixe-a secando perto do ar-condicionado. No caso de  uso na cidade, lave de três em três dias usando a mesma mistura de sabão  com amaciante em um balde só. Se for usar máquina de lavar lembre-se de  colocar a balaclava com roupas de mesma cor. 
Quando guardar o capacete apenas como lembrança?
Depois de um tempo seu capacete não vai servir para nada mais a não ser  decorar sua estante de lembranças. Lavá-lo e guardá-lo pode ser uma boa  se você quer manter no roll das lembranças de quantos lugares bacanas  vocês foram juntos. Todo capacete tem uma história. Compre um novo  capacete quando o que você usava sofreu impactos relativos a um acidente  ou se ele caiu de uma grande altura (mesmo que não tenha sido um  acidente). Pancadas fortes ou acidentes onde a carcaça do capacete foi  avariada ou até mesmo arranhada seriamente podem conter microfissuras e  possivelmente será menos eficiente caso venha a precisar dele novamente.  Caiu ou tombou e esta avaria foi no casco, troque o capacete! 
Cuidados com a personalização
Personalizar capacetes é uma moda. A maioria das pessoas gosta disso.  Além de dar seu toque pessoal a personalização facilita com que você  seja identificado à distância por seus amigos e isso tem lá suas  vantagens. Mas a personalização tem um limite e este deve ser sempre a  sua segurança e, prioritariamente, estar de acordo com a Lei. Há casos  onde a personalização apaga o selo do Inmetro e nesse caso, numa  vistoria, será necessário tirá-lo para exibir a etiqueta interna de  certificação que fica presa no forro. Se você mudar tudo inclusive o  forro, vai levar uma multa e mais alguns pontos na carteira. Portanto,  muito cuidado quando for personalizar seu capacete. Atualmente as motos  precisam passar por uma vistoria no Detran. Lembre-se de levar um  capacete que esteja de acordo com as normas do trânsito. Chegar lá com  capacete sem selo ou fora da conformidade com a respectiva Norma vai  fazer com que a sua moto seja reprovada na vistoria. 
Fonte: Motonline